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domingo, 1 de março de 2015

Capítulo V a preparação do ator stannislaviski

O capítulo iniciasse com uma tarefa proposta pelo diretor, no qual consiste em concentrar seu olhar em algo no palco para que não venham a se desconcentrasse
e possa trabalhar com mais postura em sena. Entretanto ao ser pedido isso, os alunos passam a olhar diretamente, sem observar. Fixar os olhos sem ver. A postura
ao ser pedido o olhar do objeto, passa a ser exagerado. E os alunos passam a tencionar os músculos exageradamente para cumprir sua tarefa. Então o diretor Fala:
- - Uma língua tagarela, mãos e pés que se movem mecanicamente não substituem o olhar perspicaz. Os olhos do ator que olha para um objeto e o vê atraem a
atenção do espectador, e por isso mesmo indicam-lhe o que ele deve olhar. Reciprocamente, um olhar vago permite que a atenção do espectador se desvie do palco.
-
Com isso ele quis mostrar que os telespectadores não se prendem a um olhar sem objetivo, e sim a um olhar com ação, não aquele exagerado, mas sim aquele real.
Olhar e ver o objeto e não uma ilusão.
Logo depois, o diretor os levou a uma outra tarefa na qual consistia em observar um objeto e todas as suas formas cores e logo depois visualizá-lo ao descrever
para o diretor. Essa tarefa foi difícil aos alunos que não conseguiam se concentrar em um único objeto indicado pelo diretor.
Como os alunos estavam cansados e com muita tenção, o diretor dividiu a aula em duas partes, e na segunda parte ele apresentou os alunos o círculo de atenção.
- Até agora temos lidado com os objetos sob a forma de pontos luminosos. Vou mostrar-lhes, agora, um circulo de atenção. Consistirá num setor inteiro, de grande
ou pequena dimensão e incluirá uma série de pontos de objetos independentes. O olhar poderá ir de um desses pontos para outro, mas não poderá ultrapassar o limite
indicado para o círculo de atenção - disse o diretor.
Ele acendeu uma luz perto de onde o Costia (Aluno dele) estava sentado, e desligou todas as outras luzes. O centro da mesa de Costia estava toda iluminada. E
iluminava também vários objetos de diferentes cores que estavam no centro da mesa. O diretor falou que aquele círculo era o círculo de atenção, onde costia fazia
parte daquele círculo.
Costia se sentiu a vontade, como se estivesse dentro de sua própria casa. Pois dentro do círculo, ele sentia a sensação de estar intera mente só.
" Num espaço tão pequeno como o daquele círculo, pode aplicar- se a atenção concentrada ao exame de vários objetos nos seus detalhes mais intrincados e também
exercer atividades mais complicadas, como, por exemplo, definir matrizes de sentimento e de pensamento. Evidentemente o diretor percebeu meu estado de espírito,
pois chegou até a beira do palco e disse:
- Tome nota, imediatamente, do seu estado. É o que chamamos solidão em público. Você está em público porque nós todos estamos aqui. É solidão porque você está
separado de nós pelo pequeno círculo de atenção. Durante uma atuação com uma plateia de milhares de pessoas, poderá sempre encerrar-se dentro desse círculo, como
um caracol em sua casca.
Após uma pausa, anunciou que nos mostraria, agora, um círculo médio. Ficou tudo escuro. E então o diretor iluminou uma área bem ampla, com um grupo de vários
móveis, uma mesa, algumas cadeiras com estudantes sentados, uma quina do piano, a lareira e uma grande poltrona diante dela. Vi-me no centro do círculo médio de
luz. Naturalmente não podíamos abranger tudo de uma vez, mas tínhamos de examinar aquela área pouco a pouco, cada objeto por sua vez, constituindo cada coisa dentro
do círculo um ponto independente.
A maior desvantagem é que a maior área de luz produzia semitons refletidos que recaíam sobre coisas que estavam para lá do círculo, de modo que a muralha de
escuridão não parecia impenetrável.
- E agora vocês têm o grande círculo - prosseguiu.
Toda a sala de visitas inundava-se de luz. Os outros cômodos estavam escuros mas logo se acenderam luzes também neles e o diretor salientou:
- Esse é o maior dos círculos. As suas dimensões dependem do alcance da vista de vocês. Aqui, nesta sala, ampliei o círculo ao máximo possível. Mas se estivéssemos
numa praia ou numa planície, o círculo só seria limitado pelo horizonte. No palco, essas amplas perspectivas são fornecidas pela pintura do telão de fundo".
Retirei esse grande trecho do livro pois é impossível para mim demonstrar essas sensações com outras palavras, afinal fiquei tomada pelo livro e me senti como
se estivesse lá ao ler essas linhas. Mas prosseguindo.
O diretor queria que o Cosnia e seus outros alunos conseguisse renovar a sensação de estar dentro do pequeno círculo de atenção, em plena luz, entretanto, não
conseguiu, o diretor explicou que isso não se dava pelo fato de que quando estavam dentro do pequeno círculo, os outros objetos fora do círculo não Le chamava atenção
pois não estava interamente a sua vista. Dentro do palco iluminado todos os objetos chamam atenção, fazendo com que tudo seja atrativos aos olhos. Então o diretor
demarcou com vários objetos da sala os pontos do pequeno médio e grande círculo.
- O tempo e a prática lhes ensinarão a empregar o processo que acabo de sugerir. Não se esqueçam dele. Enquanto isso, vou mostrar outro recurso técnico que
os ajudará a dirigir sua atenção. À medida que o círculo vai aumentando, a área de atenção tem de se estender, Essa área, entretanto, só pode continuar crescendo
até o ponto em que ainda a puderem conter, inteira, dentro dos limites da atenção, do lado de Ca de uma linha imaginária. Assim que a sua fronteira começar a estremecer,
vocês devem recuar imediatamente para um círculo menor, capaz de ser abarcado por sua atenção visual. Nessa altura vocês, muitas vezes, terão dificuldades.
Sua atenção deslizará, dissipando-se no espaço. Devem então recolhê-la, dirigindo-a, o mais depressa possível, para um ponto ou objeto único, como, por exemplo,
aquela lâmpada. Não lhes parecerá tão brilhante quanto parecia quando estava cercada de trevas, mas, ainda assim, será capaz de prender-lhes a atenção.
"Quando tiverem determinado esse ponto, cerquem-no de um pequeno círculo, com a lâmpada como centro. Depois aumentando para um círculo médio, que incluirá vários
círculos menores. Não é necessário que cada um seja reforçado por um ponto central. Se não puderem dispensar esse ponto, escolham outro objeto e cerquem-no de outro
pequeno círculo. Apliquem o mesmo processo a um círculo médio. -
Os alunos tentavam, mas sempre que aplicavam seu olhar, fracassavam. Então o diretor os mostrou como que seria se estivessem fora do pequeno círculo no qual todos
conseguiam observar. Fechou as luzes e só deixou uma ligada no meio da mesa. Ele ainda disse que a medida em que as luzes iam projetando maiores círculos, o ponto
de atenção deles iriam aumentar. Costia disse que jamais queria se separar do pequeno círculo. Então o diretor disse que ele não precisaria se separar dele, pediu
para que ele andasse como se estivesse em sua casa. Fechou as luzes e costia andou, e apenas um ponto de luz o acompanhava. Ele sentiu que o pequeno ponto de luz
que anda sempre com a gente era a coisa essencial e mais prática que já haviam lhe mostrado.
Esse capítulo me mostrou que devemos nos concentrar algo em sena, e assim não ficaríamos com tenção nos músculos. Nem ficaríamos alheios ao nada. Para mim fica
difícil visualizar uma luz, ou um ponto, já que não vejo, mas posso procurar outras formas de me concentrar em um ponto específico. Usando a audição, e o tato.
Afinal podemos visualizar de várias formas. E ser cega nunca me impedir ar de ser uma boa atriz, ou de me dedicar ao que estou fazendo.

Um comentário:

  1. Parabéns Maria Carvalho, cada dia você aguça seu senso crítico e raciocínio lógico literário, gosto como você se relaciona com a prática teatral. Ótimo.

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