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domingo, 21 de setembro de 2014

Sobre a palavra Cego (a)




Cegos não são crianças a vida toda, nascemos e crescemos. Passamos pelos estágios da vida, como criança, adolescente, adulto e velhice. Sou só cega, é como fechar os olhos. Minha mente continua a mesma. A não ser por percepções maiores do que se estivesse vendo. Não por que tenho algum poder especial, mas sim por que é necessário ter mais atenção quando não se vê. Muitas pessoas pensam que quando se é cego não podemos namorar casar, ter uma família, ir a festas, estudar, em fim.
  Grande erro das pessoas que pensam isso. Somos iguais a uma pessoa que enxergam, só que sem enxergar. Como é quando você fecha os olhos? Como você se sente? Como você percebe o mundo ao seu redor? São essas perguntas de extrema importância que você deve se fazer quando encontrar um cego.
  Sim, Cego. Não portador de deficiência visual, Não deficiente visual, não portador de necessidades especiais. Cego é tão mais fácil de falar, por que complicar? Compreendo que algumas pessoas acham a palavra cego vulgar. Eu já acho vulgar nos chamar de ceguinhos. Isso sim é vulgar. Não a palavra cego. Nada contra as palavras em diminutivo, mas essa em especial pode ser caracterizado como pena, ou como brincadeira mau dosa. Eu particularmente não gosto de que sintam pena de mim, muito menos que zoem maldosamente comigo e essa palavra,(Ceguinho) me remete a isso.
  Vamos analisar as palavras portador de deficiências visuais e portador de necessidade especial. Portador, acho eu que portador significa que uma pessoa leva algo com si até certo local, e depois deixa essa coisa lá e sai. Eu não posso tirar minha cegueira como eu posso estar portando? Ela vai andar sempre comigo. Minha cegueira me abriu os olhos pra muitas coisas, e outra é a palavra deficiente visual. Ok, essa palavra não tem nada de mais, só mesmo é uma palavra mais bonita para as pessoas que não enxergam. Entretanto eu acho mais bonito a palavra cego.
  Por quê ter medo do nome cego? Por que não gostar da palavra cega? Se me chamarem de cega e eu achasse ruim, é a mesma coisa de eu não gostar de que me chamem de mulher sendo que eu sou mulher. É  o mesmo de não me aceitar como eu sou. É o mesmo que acho das outras palavras em qual todos tem medo de pronunciar quando encontra alguém assim.
  Vivemos em uma ditadura, sim, uma ditadura dentro de nós mesmos. Podemos falar as palavras, mas não podemos as dizer por medo da reação do  próximo. A sociedade da liberdade a todos, mas impõe as suas regras. Regas que inibem o indivíduo.

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