Cegos não são crianças a vida toda, nascemos e crescemos.
Passamos pelos estágios da vida, como criança, adolescente, adulto e velhice.
Sou só cega, é como fechar os olhos. Minha mente continua a mesma. A não ser
por percepções maiores do que se estivesse vendo. Não por que tenho algum poder
especial, mas sim por que é necessário ter mais atenção quando não se vê.
Muitas pessoas pensam que quando se é cego não podemos namorar casar, ter uma
família, ir a festas, estudar, em fim.
Grande erro das
pessoas que pensam isso. Somos iguais a uma pessoa que enxergam, só que sem
enxergar. Como é quando você fecha os olhos? Como você se sente? Como você
percebe o mundo ao seu redor? São essas perguntas de extrema importância que
você deve se fazer quando encontrar um cego.
Sim, Cego. Não
portador de deficiência visual, Não deficiente visual, não portador de
necessidades especiais. Cego é tão mais fácil de falar, por que complicar?
Compreendo que algumas pessoas acham a palavra cego vulgar. Eu já acho vulgar
nos chamar de ceguinhos. Isso sim é vulgar. Não a palavra cego. Nada contra as
palavras em diminutivo, mas essa em especial pode ser caracterizado como pena,
ou como brincadeira mau dosa. Eu particularmente não gosto de que sintam pena
de mim, muito menos que zoem maldosamente comigo e essa palavra,(Ceguinho) me
remete a isso.
Vamos analisar as
palavras portador de deficiências visuais e portador de necessidade especial.
Portador, acho eu que portador significa que uma pessoa leva algo com si até
certo local, e depois deixa essa coisa lá e sai. Eu não posso tirar minha
cegueira como eu posso estar portando? Ela vai andar sempre comigo. Minha
cegueira me abriu os olhos pra muitas coisas, e outra é a palavra deficiente
visual. Ok, essa palavra não tem nada de mais, só mesmo é uma palavra mais
bonita para as pessoas que não enxergam. Entretanto eu acho mais bonito a
palavra cego.
Por quê ter medo do
nome cego? Por que não gostar da palavra cega? Se me chamarem de cega e eu
achasse ruim, é a mesma coisa de eu não gostar de que me chamem de mulher sendo
que eu sou mulher. É o mesmo de não me
aceitar como eu sou. É o mesmo que acho das outras palavras em qual todos tem
medo de pronunciar quando encontra alguém assim.
Vivemos em uma
ditadura, sim, uma ditadura dentro de nós mesmos. Podemos falar as palavras,
mas não podemos as dizer por medo da reação do
próximo. A sociedade da liberdade a todos, mas impõe as suas regras.
Regas que inibem o indivíduo.
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