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sábado, 9 de maio de 2020

pimpão em o início da minha vida por maria carvalho

-- pio pio! Aquele ser humano pequeno e gordinha, que só me ver se eu piar que tem uma voz com som de pinto me pediu pra expor minhas ideias aqui pra vocês. E relatar como está minha situação após a história anterior. Como todos sabem, eu sou o pimpão. Nasci diferente, e acho que até de mais. E por causa disso eu sofri bastante. Quando eu nasci, eu não tive mãe. Vivia com vários pintinhos pequenos. E que me achavam estranho e eu não sabia por que. Um dia, um senhor humano, grande, barrigudinho, de cara mau humorada me colocou numa caixa e me levou para um local junto com mais alguns pintinhos. Passaram-se uns minutos, e ele me tirou dessa caixa e me colocou em um lugar com grades, cheio de areia e mato, com mais alguns pintos e claro, os que vieram comigo. Esse senhor barrigudo e mau humorado, era bem legal. Ele colocava comida pra gente e era muito bom. Seria melhor ainda se eu conseguisse comer. Mas os meus amiguinhos não deixavam. E me picavam muito. Até arrancar as poucas peninhas que eu tinha na raiz. Meu bico também não conseguia pegar muita coisa. Eu tenho um bico meio estranho sabe? Diferente das dos meus irmãos. Ele é como uma cruz. Atravessado. E realmente é a cruz que eu carrego. Pois eu queria comer, mas pra conseguir pegar um grauzinho de milho, precisava bicar bastante, e ainda sim os outros tiravam do meu bico. Todos os dias esse senhor ia nos visitar, e fazia um barulhinho estranho com a voz, bem fininho parecido um pinto Rocco, e a gente já sabia que ele vinha nos dar comida e água, então corríamos pra perto dele, e La vai mais uma luta. Eu tentando pegar algo pra comer e os meus amigos não deixavam, me bicavam,, mas eu precisava comer, então eu deixava a dor pra La e continuava procurar comida. Um dia, o senhor não pode ir, foi visitar alguém num lugar chamado interior. E quem veio deixar comida pra gente foi uma humana mulher que tinha olhos de vidro em cima dos olhos dela, e uma humaninha dentuça. Assim que elas chamaram, a gente correu pra comer. E meus irmãos, que já estavam mais autos que eu por comer muito eu nada, começaram a me pisar ao invés de me bicar. E os outros que não me pisavam me bicavam. Eu nem ligava mais pra isso, era normal na minha rotina. Já quase não tinha peninhas, então já me bicavam na carne. Faziam sair algo vermelho de mim, que a menininha se assustou. Disseram que era sangue, então a humaninha pediu pra me levar pra um lugar chamado casa. Eu não sabia que lugar era esse, mas mau sabia eu que era um lugar muito legal. Ao chegar lá, elas começaram a colocar remédios onde saiam esse tal de sangue. Era dolorido, mas depois aliviava. Eu achava que era comida, e tentava alcançar, mas elas seguravam meu pescoço pra eu não alcançar. Elas tentaram fazer um negócio chamado roupa pra mim, mas eu achei aquele negócio ruim de mais. Prendia minhas asas, que naquela época estavam grandes e eu podia voar pra cima de um negócio chamado mesa. E elas começavam a fazer um barulho alto. Achava isso legal, acho que elas estavam felizes. Elas faziam um som assim, PIMPÃO, NÃO. DESCE.ai eu descia mais pra cima. Ai elas faziam esse barulho mais auto, com umas caras engraçadas. Seres humanos são bem engraçados. Lá também conheci a humana que só me ver se eu piar. Essa que me pediu pra estar aqui. Ela disse que assim como eu ela era diferente. Mas eu não vi o bico dela torto. Mas entendi, as outras me veem sem eu piar. Ela só me ver se eu piar ou me encostar nela. Mas é estranho por que todos os humanos são diferentes. A, elas me mostraram algo que amei. Um negócio chamado panela de arroz. La tem um monte de arroz, e eu consigo comer. Arroz é muito gostoso. E quando ele ta pregado na panela melhor ainda, por que eu não preciso bicar muito pra pegar. E a panela deixa eu segurar o arroz no bico, por que ele não fica fugindo de mim quando eu bico. Elas pegaram uma tal de panela velha que não usavam mais, e eu fico La quase o dia todo, é meu lugar favorito. Ainda mais depois que um intruso entrou nas nossas vidas. Sobre esse intruso que disseram que o nome dele é Nescau, só tenho a dizer, que chato! Ele passa o dia todo piando, procurando uma tal de mãe. E ainda tirou toda a atenção que os humanos me davam. Era tão legal quando era só eu, elas brincavam mais comigo, e gritavam mais NÃO PIMPÃO. Tenho vontade de bicar ele que nem os meus amigos faziam, pra ver se ele aprende a ser pinto como eu, forte. Mas elas não deixam. As vezes faço isso pra elas gritarem NÃO PIMPÃO, mas depois que elas inventaram uma tal de vassoura, eu parei. Só brinco de não pimpão quando eu não vejo a vassoura. A e o senhor barrigudo mau humorado mora aqui. Agora vejo ele todos os dias. Aqui também tem um passarinho que vive fazendo barulhos estranhos, o nome dele é dileno. Quando o nescal começa a gritar e chorar que nem um ovo, ele e eu ficamos fazendo barulhos estranhos pra ele parar. As vezes vou La na caixa dele só pra ele parar, ele fica comedo de mim e para. E eu tenho descanso nos ouvidos. A, aqui também tem um outro humano mau humorado, as vezes ele fica dizendo que vai me colocar na panela, mas eu já vivo na panela. A humaninha dentussa chama ele de pai. Ele só aparece a noite. A humaninha dentussa também quis me dar um tal de banho, e eu achei isso meio estranho, quando ela me deu isso pela primeira vez, eu achava que eu ia morrer. Nunca vi tanta água na vida, e ela ainda passou um negócio com cheiro estranho chamado sabão. Depois todos ficaram me cheirando, e eu me senti o rei da cocada preta. Eu vi essa expressão numa caixa quadrada que passam humanos pequenos La dentro e uns negócios esquisitos chamados desenhos animados. Humanos tem cada uma não é? Até que achei legal aquela caixa. As vezes me sento no banco da dentussinha, e fico olhando praquilo, é bem diferente. Tem outra coisa que eu não gostei daqui, aqui não da pra siscar. É tudo feito de um tal de si mento, ai se eu tento eu caio. Ai eu tento siscar dentro do arroz, que sai pra fora da panela e fica bem legal. Com um nome chamado sujo, adoro esse sujo. Da pra siscar um monte. Bom, mas agora eu vou indo. Piei de mais, minha panela de arroz me espera. Esse é o meu pagamento, espero que esteja com bastante arroz. Tchau, galera, até mais. Pio pio! --

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